Sei agora o que me deixa assim. Descobri por fim a origem da minha agonia…
Não é por te querer ou por não estares comigo, não é por não olhares ou não sorrires para mim. Julguei que a solidão era a minha escuridão, julguei que este vazio vinha da tua ausência.
Percebi que não…
O que dói cá dentro é o facto de saber que vivi tudo mais intensamente que tu. O que dói mais que tudo é ter ouvido palavras vagas e sem sentido e tê-las julgado puras e verdadeiras.
O que me despedaça é pensar que cresceu em mim algo maior que aquilo que tentavas tornar real em meras palavras, nas quais não acreditavas.
É sentir, é libertar a alma em tudo o que faço… É disso que me arrependo. É isso que dói. É saber que conto os segundos, enquanto os restantes apenas prestam atenção aos minutos.
E esta dor que posso fazer para a dizimar?
Como posso evitar sentir?
Como poderei impedir a intensidade de cada sopro?
Só desejava saber fazê-lo e ser mais um destes robôs que beijam sem sentir, que amam sem calor…